Eleições

Antônio Gabriel discorre sobre a importância do poder do voto e do papel da juventude.

Possivelmente você já viu e ouviu pessoas dizendo e comentando sobre eleições, ou talvez até mesmo saiba um pouco sobre o que significa e vem a ser uma eleição. Pois bem, essa palavra diz muito sobre o regime político atual adotado no Brasil: a democracia representativa. A eleição consiste no processo de escolha dos cidadãos, que aqui entendemos por serem os eleitores. Estes elegem, por meio do voto, seus representantes nas casas legislativas (Câmaras Municipais, Assembleias Legislativas e Congresso Nacional – Câmara dos Deputados e Senado Federal) e governantes nas casas executivas (Prefeitos, Governadores e Presidente da República). Desse modo, a eleição não é o fim em si mesmo, e sim, o meio de onde os cidadãos manifestam as suas vontades e escolhas através do poder do voto confiado a eles(as).

Um fator importante em uma eleição é a participação e engajamento dos eleitores. O comportamento e envolvimento dos cidadãos em um processo eleitoral dirá muito sobre as atitudes e qualidades dos representantes eleitos, uma vez em que um é consequência direta do outro. O reflexo das condutas antiéticas na política, como por exemplo: corrupção, abuso de poder e autoridade, interesses individuais ante ao coletivo, dentre outros, pode ser também entendido como um reflexo da relação entre os cidadãos e seus políticos eleitos, isso é, seus representantes. O que queremos dizer é que: as práticas das pessoas no dia-a-dia, sejam no trabalho, na relação familiar ou diante da ausência de participação e engajamento dos cidadãos nas eleições e no exercício da política, influi diretamente na realidade e qualidade da representação parlamentar. Ou seja, quando se tem cidadãos(as) eleitores(as) mais conscientes e politizados(as), potencialmente seus governantes foram selecionados(as) de um modo consciente e lúcido, dando mais qualidade ao voto e aquele(a) a quem foi confiado o cargo eletivo.

Nesse contexto, vale também dizer que a juventude na democracia brasileira passa a ter um papel indispensável nesse processo de transformação do comportamento eleitoral. Os jovens, para além da questão da idade, possuem uma visão desprendida de preconceitos e opiniões formadas, estando abertos(as), na maioria das vezes, a ideias mais progressistas ou conservadoras que estejam principalmente e intrinsicamente vinculadas a fundamentos e critérios, não a opiniões ou achismos. É isso que dá, ao processo representativo, a qualidade necessária para fortalecer a qualidade da nossa democracia.

Mas como se deu a evolução do processo representativo na democracia brasileira? A participação dos cidadãos, de forma direta, nas eleições no decorrer da história do Brasil, foi muito restritiva e demorou um pouco mais de 04 (quatro) séculos para se ter na constituição do país o sufrágio universal e a participação da juventude nas eleições através do direito de votar a partir dos 16 (dezesseis) anos de idade. Pois, a condição do direito de votar e de se candidatar a um cargo político representativo eram restritivos apenas para homens brancos que detinham poder econômico, possuíssem propriedades rurais, ou participassem da vida militar.

Nosso primeiro registro eleitoral deu-se em 1532, data do registro da primeira eleição no Brasil para a Câmara Municipal na capitania de São Vicente. As mudanças na legislação eleitoral se deram a passos lentos e sempre não correspondia com a realidade da composição da população que vivia aqui no Brasil. Em 1824, e a partir desse ano, o voto passou a ser obrigatório, porém somente entre homens com mais de 25 (vinte e cinco) anos, alfabetizados e com uma renda determinada. Foi apenas em 1932 que as mulheres conquistaram o direito ao voto na legislação eleitoral. E, em 1988 com a Constituição Federal, que cidadãos e cidadãs brasileiras a partir de 16 (dezesseis) anos puderam ir às urnas votar para eleger o presidente da República, governadores, prefeitos e os representantes das casas legislativas.

O ato de votar nas eleições de dois em dois anos no Brasil para a escolha de representantes e governantes requer muito mais do que comparecer à urna, digitar o número do candidato e apertar a tecla confirma. É necessário que o eleitor assuma dois compromissos, antes do voto e depois do voto. O primeiro deles é sobre o processo de escolha de seus candidatos, conforme dissemos acima. Diante de um conjunto de opções, faz-se necessário que o eleitor tome sua decisão amparada em critérios objetivos, analisando o perfil, história do candidato, suas atuações e trabalhos desenvolvidos na cidade e suas propostas que serão pautadas em seu mandato caso seja eleito, com objetivo de solucionar os problemas da população. O segundo compromisso é fazer valer a sua escolha, diante do resultado das eleições, acompanhar, fiscalizar, propor ideias e ações aos representantes eleitos, independentemente, se seus candidatos foram eleitos. Pois será a partir do resultado das eleições, que os mandatários passam a representar e serem responsáveis em servir todos os cidadãos e cidadãs que vivem e fazem a cidade acontecer.