Participação Jovem

Antônio Gabriel discorre sobre a participação jovem na esfera política.

 

Falar de juventude para o público jovem, talvez seja um dos grandes desafios e necessidades no mundo hodierno. Principalmente, tratando-se a nível Brasil. Ser jovem vai muito além de “estar jovem”, quando diz respeito às questões de idade, faixa etária que compreende dos 15 anos aos 29 anos, de acordo com a Política Nacional de Juventude. Transcende questões de idade e físico, e diz muito sobre mentalidade e disposição, força de vontade e esperança. Nesse sentido, não há idade para ser jovem e os desafios para quem se considera um, são vastos e exigem entusiasmo e atuação prática.

O cantor e compositor Chorão, da banda Charlie Brown Jr., em sua música “Não é Sério” (2000), abordou a questão de ser jovem no Brasil e um pouco de seus dilemas. “O jovem no Brasil nunca é levado a sério. Eu vejo na TV o que eles falam sobre o jovem não é sério, não é sério” (Charlie Brown Jr., 2000). A parte da canção transcrita acima aborda a impressão e sentimento de uma parcela da juventude, de como as demais pessoas da sociedade e instituições os enxergam. A afirmação de que “o jovem no Brasil nunca é levado a sério”, refere-se a uma visão muito limitada sobre a capacidade de formação e atuação do jovem, colocando-os como inexpressivos apenas por questões de idade, o que leva muitas das vezes esse público não ser ouvido, levado a sério. Isso não quer dizer, que haja por parte da juventude um preparo por completo, tanto de vivência e experiência, pois isso demanda tempo e amadurecimento. Mas, por um lado, pelos motivos aqui descritos, não justifica qualquer tipo de imposição ou falta de construção que exclui a participação democrática dos jovens, seja na política, nas instituições religiosas, familiares e escolares.

Percebe-se no Brasil que a juventude vem se distanciando a passos largos da participação política, seja na política representativa, movimentos estudantis, dentre outros. Essa verificação é justificada por alguns fatores. Dentre eles, está o modo com que governantes e representantes lidam com a juventude. A forma de se fazer política, não se preocupando em construir canais de comunicação e participação da população na elaboração de propostas e ações, e no acompanhamento das gestões e dos mandatos. Muitas das vezes, o que se verifica são práticas que não dialogam com o público jovem, como a falta de transparência, atendimento de favores dos mais próximos por interesse eleitoreiro, esvaziamento, pouca efetividade dos conselhos consultivos municipais, estaduais e nacional da criança e do adolescente, da juventude. E, ausência de políticas públicas e iniciativas voltadas às necessidades que os jovens perpassam, como o primeiro emprego, escolaridade, profissionalização e participação cidadã na política local, estadual e nacional.

No texto sobre eleições, discutiu-se muito sobre a necessidade e importância da consciência do eleitor no momento de escolha de seus candidatos e candidatas, postulantes aos poderes legislativo e executivo. Questões imprescindíveis para tomar tal decisão e qualificar a representatividade da população. E, para isso, a juventude possui um papel fulcral e, é por meio dela que tais mudanças podem vir a ocorrer, como a sua participação na construção de projetos e candidaturas jovens, avaliação e análise da história dos candidatos, o que tem sido feito e apresentado pelos postulantes em trabalho à sociedade, as suas análises acerca dos reais problemas e dificuldades que a população perpassa e suas possíveis iniciativas e propostas que objetivam dirimi-las. A esperança para essa mudança está nas mãos e passa pela juventude. Quando a mesma, perceber essa responsabilidade e o poder que possui, juntamente, com atuação conjunta e em rede com demais grupos, o público jovem perceberá a sua força e necessidade para a construção de um país que perpassa por momentos desafiadores, seja na economia, no social, no cultural e, principalmente, na política.

O projeto Politizar, programa de extensão da Universidade Federal de Goiás (UFG), em parceria com as Casas Legislativas, Câmara Municipal de Goiânia (CMG) e Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (ALEGO), proporcionou e vem proporcionando como instrumento de participação e de provocação, no bom sentido, de jovens e adultos, a se interessarem e se envolverem com e por meio da política, vendo esta como instrumento de transformação de realidades e construção de caminhos para solucionar os problemas estruturais que a sociedade perpassa. Essa participação da juventude e a construção do entendimento de cidadania (como vimos no texto sobre participação democrática), com a prática através da simulação da jornada parlamentar nas Casas Legislativas Municipal e Estadual, têm (e terá) resultados positivos na mudança e transformação da participação e a maneira de se fazer política. Pois, fica evidente que o argumento utilizado de que a juventude não se interessa por política, e a responsável por isso seja somente dela, não é verídico. O público jovem se interessa e quer participar da política, mas ele carece e tanto, são de iniciativas e propostas que deem mais oportunidade e voz. E, de serem ouvidos.